terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

NUMA CASA DE ESQUINA, VIVI MAIS DE TRINTA ANOS

Cheguei em sessenta e oito
E passei muitos janeiros
Carreguei sempre afoito
Muitas águas dos ribeiros
Bombeadas pelos canos
Condensando chuva fina
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Bem pintada na paisagem
Num projeto arrojado
Parecendo uma visagem
Tudo reto sem telhado
Assim mesmo nascem planos
Talvez vindos lá da china
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Quantas lutas dissabores
Passei lá naqueles ares
Plantei frutas, bosques, flores
Naveguei em outros mares
Sofri até muitos danos
Como aquele que atina
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Ali houve muitas festas
Muitas comemorações
Muitas pancadas nas testas
Por variadas razões
Mas vencemos tudo ufanos
Nesta luta peregrina
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Muitos invernos passamos
As chuvas grossas caindo
Muitas noites nós deitamos
O som do trovão ouvindo
Cobertos com nossos panos
Respingados na neblina
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Investimos na família
Esforços, lutas, amores
Pedimos a Deus em vigília
Pra sanar as nossas dores
E os nossos desenganos
Ele muda qualquer sina
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Deus muito abençoou
Meu trabalho neste ponto
Com sua mão segurou
Por isso agora eu conto
Meus votos não são profanos
Encontrei ouro na mina
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Sou grato a Deus por tudo
Por derrotas e vitórias
Muitas vezes até mudo
Nas controvérsias inglórias
Nunca fomos desumanos
Segurando nesta crina
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Arnaud Amorim

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