sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

IGUAL A ELE EU NUNCA VI - PARTE II

Se andando nas fruteiras
Achasse uma fruta bonita
Madura e bem cheirosa
Fazia logo sua fita
Levava prá dona Amélia
Sua patroa bendita

O fogão lá da fazenda
Era de lenha a chama
Necessitava gravetos
Para acender quando inflama
Todo tarde ele trazia
Gravetos prá sua ama

Numa manhã Lucineide
Queimou-se com leite quente
Precisou comprar remédio
Chico já correu na frente
Não perdeu nenhum segundo
Foi desesperadamente

Chegando lá na farmácia
O remédio não havia
Não voltou, tocou prá frente
Jamais ele voltaria
Sem resolver o problema
Foi a outra freguesia

De madrugada escutaram
De repente um barulho
Era ele na carreira
Chegou trazendo um embrulho
Comprou distante o remédio
Entregou com muito orgulho

Lucineide nunca esqueceu
Este feito importante
Restaurando sua saúde
Num momento cruciante
Diz que nunca recebeu
Gesto de amor semelhante

Trabalhava o dia todo
O suor chega escorria
Chegava em casa a tarde
Para a cidade ainda ia
Seu costume predileto
Era escutar cantoria

Se viesse cantador
De qualquer parte do mundo
Ele não perdia nada
Gostava do verso fecundo
Sentava logo na frente
Seu prazer era profundo

Lá na fazenda havia
Um jumento bem sabido
O seu nome era capricho
Era grande o alarido
Se outra pessoa montasse
Pulava muito o bandido

Ele conhecia Chico
Se gritasse ele atendia
Bastava mostrar o cabresto
Prá perto o bicho corria
Mas se fosse outra pessoa
Capricho já se escondia

Um dia fizeram aposta
Prá ver quem se segurava
Montado no animal
E ver quem agüentava
Quem não caísse do asno
A aposta abiscoitava

Chico montou em capricho
Que não levantou do chão
Um desceu outro subiu
Gritou jumento babão
Começou o pula-pula
Só parou com o outro no chão

Dava pulos e rinchava
Foi grande a presepada
Quis agarrar no pescoço
Capricho deu-lhe uma dentada
O cabra caiu distante
Perdeu a aposta tratada

É que Chico era bom
Amigo dos animais
Dava banho e comida
Não maltratava jamais
Os animais conheciam
Gostavam cada vez mais

Na fazenda havia um burro
Era valente e velhaco
Já mordia todo mundo
Deixava até um buraco
Mas quando Chico ele via
Vinha cheirar-lhe o sovaco

Em suas viagens a noite
Para uma cantoria
Arranjou uma namorada
O seu nome é Maria
Ele gostou muito dela
De amor seu peito enchia

Tudo dele era ligeiro
Noivou marcou o casamento
Amava muito Maria
Não havia impedimento
Seu Francisco deu-lhe apoio
Ali naquele momento

Deu a ele uma casa
Não lhe deixou faltar nada
Aumentou o seu salário
Tinha atenção redobrada
Chico e Maria se amaram
Ali na casa caiada

Assim se passaram anos
Naquela vidinha boa
De dia muito trabalho
A noite muita garoa
Ao verificar o tempo
Vê-se que ele se escoa

Maria lhe deu seis filhos
Anselmo, Selma, Anibal
Todos eles bem criados
Fatinha, Jonas, Aderbal
Uma trinca de meninos
Educados com moral

No ano sessenta e oito
Sendo do século passado
O seu patrão se mudou
Prá cidade aposentado
Muitos anos de trabalho
Só na lembrança guardados

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