quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

KARLA MICHELLE

Tua tela deve ser mui bem pintada
És o fruto do nosso primeiro amor
Rosa branca com agradável fragor
Tão ansiosamente esperada

Chegaste de uma forma muito forte
Trouxeste luz para toda nossa vida
Tua presença muito nos consolida
Mudaste nosso rumo e nossa sorte

Tens o brilho próprio de uma estrela
Almejamos e bem feliz queremos vê-la
Prostramo-nos para que a gente apele

A Deus que sempre nos tem abençoado
Que realize o teu sonho mais sonhado
És muito especial, Karla Michelle

Arnaud e Nubia

KALINE MIRELLE

Pintar teu quadro foi muito agradável
És um misto de ternura e valentia
Exprimes muita beleza e simpatia
És de fato uma pessoa muito amável

É um privilégio ter uma filha tão boa
Uma flecha na aljava sempre pronta
Amiga, filha com quem a gente conta
Filha exemplar e excelente pessoa

Nosso amor por ti é cem por cento
Não cabe nem em todo o firmamento
Nossa afeição está à flor da pele

Carregas o bom perfume de uma rosa
És mãe amiga e uma esposa virtuosa
Filha guerreira, Kaline Mirelle

Arnaud e Núbia

KATIA SAMARA

Foste decidida até na hora em que nascias
Naquele alvorecer de linda aurora
Era dezembro, vinte e um, àquela hora
Em que a estrela da manhã já concedia

Seu lugar a outra estrela radiante
Que além do lume reflete a bondade
Admiramos teu caráter e lealdade
Tua ação se consolida a cada instante

És reluzente quão estrela da manhã
Guerreira como uma valente titã
Uma jóia preciosa e muito rara

Mãe amorosa e excelente companheira
Executiva brilhante e verdadeira
És grandiosa e singular, Kátia Sâmara

Arnaud Amorim

KALIANE YSLENA

Estamos por demais envaidecidos
Ao cantar teu nome em verso e prosa
E exalar esta rosa tão cheirosa
Deixa-nos muito alegres e embevecidos

Em nossa vida, trouxeste muita alegria
Lembramos quando eras pequenina
Parece que foi ontem, eras menina
Nosso filme é exibido todo dia

Vemos-te ainda jovem em nossa frente
Embora adulta e sempre tão inteligente
Para nós ainda és nossa pequena

Teu exemplo de guerreira é imenso
És virtuosa num centro tão intenso
Uma grande bênção, Kaliane Yslena

Arnaud e Nubia

ARNAUD FILHO

Tua tela é por demais interessante
Foste por tantas vezes desejado
Entre todos foste o mais esperado
Por isso nos deixaste tão radiante

Deus preparou o oportuno momento
Ainda lembramos tão abençoado dia
Encheste o nosso lar de alegria
Completando todo o nosso intento

És o filho nascido do coração
Foste sempre resposta de oração
Para andares sempre firme em seu trilho

Vejas que Deus tem te abençoado
Com lindos filhos e uma esposa a teu lado
Saibas que muito de amamos, Arnaud Filho!

Arnaud e Nubia

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

FILO (TROVANDO)

Se todo ser vivente
Olhasse mais para Deus
Seria mais complacente
Com os próximos seus

Quão bom se todas as gentes
Vivessem mais em amor
Estaríamos todos crentes
Que a vida tem mais valor

O tempo é curto demais
Para ser desperdiçado
Não desperdicemos mais
Cada segundo passado

Se nossa vida na rua
Está minada de medo
Vamos brincar com a lua
E aprender seu folguedo

Ontem a noite na janela
A lua olhou prá mim
Eu também olhei prá ela
Só faltou o bandolim

Arnaud Amorim

ELEMENTOS TÃO GRAVES

Assuntos tão financeiros
Que envolvem tanto óleo
Não podem ser corriqueiros
Mostrando seu portfólio

Não pode serem roubados
Uns elementos tão graves
Merece serem guardados
Debaixo de sete chaves

O petróleo hoje está
A cem dólares o barril
Isto dá pra explicar
Porque esta ação tão vil

Não se trata de um jogo
Ou brinquedo infantil
É muito mais desafogo
No progresso do Brasil

Arnaud Amorim

A COR DA SAUDADE

A saudade tem cor como
A paz, amor e alegria
É vermelha igual ao bromo
Mas dela tenho fobia

Mas pode mudar de cor
E muda de forma lenta
Se é caso de amor
Ela então fica cinzenta

O cinza que aqui saiu
Quero consertar e digo
É mais prá cor de anil
Que representa o indigo

Saudade faz analogia
Ao arco-iris então
Cinco cores irradia
Lá dentro do coração

Reflete a cor na mente
Azul, roxo e amarelo
Vai doendo lentamente
Tritura como farelo

Vai dependendo do tipo
Da saudade qu’é sentida
A cor varia, antecipo
Conforme a dor sofrida

Se há paixão recolhida
Sua dor é aumentada
E a cor lá refletida
É então alaranjada

Mas não esqueça porém
Que há mistura de cores
Com isso aumenta também
As matizes e suas dores

Quero ser bastante franco
Veja então como se faz
Fique perto e viva o branco
E a saudade vira paz


Arnaud Amorim

A MORTE FOI TRAGADA NA VITÓRIA

Já fui muito revoltado
E chorei de fazer dó
Pois meu corpo tão cuidado
Um dia virará pó


Não aceitava que Deus
Permitisse isso comigo
Fazer todos órgãos meus
Passar por tão vil castigo


Se Deus me desse poder
Com toda intensidade
Eu preferia viver
Por toda eternidade


Agora estou mais feliz
Pois Jesus está na glória
E Ele mesmo nos diz:
"Traguei a morte em vitória


Como eu ressuscitei
Ressuscitarás também
Para aqueles que chamei
Que ouvem e a mim vêm"

Arnaud Amorim

ALGUÉM VAI LEMBRAR DE MIM

Trovas têm muita valia
Vou versejando assim
Bem depois talvez um dia
Alguém vai lembrar de mim

Vou sair do anonimato
E passar a ser estrela
Mesmo trovador pacato
Serão muitos a querer vê-la

Minha estrela estava morta
Mas agora ela brilhou
Já se abriu a comporta
Muita água a lavou

Eu era bastante triste
Ninguém mais me conhecia
Porque ainda não viste
Esta minha cantoria?

Canto em verso e prosa
Corro cedo pro jardim
Escolho cheirosa rosa
E te ofereço assim

Arnaud Amorim

MAS EM TODA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO, NINGUÉM TEM MAIS BELEZA QUE A MULHER

Toda obra da criação é perfeita
Admiramos tudo o que Deus fez
A beleza do universo é eleita
Ele criou cada coisa em sua vez
Nas galáxias ninguém mexe nem ajeita
Tudo gira como quem sabe o que quer
Podemos admirar a perfeição
Mas em toda história da criação
Ninguém tem mais beleza que a mulher

Vemos abelhas que fazem o seu mel
Trazendo o doce do néctar das flores
Voam direto na expansão de todo céu
Misturando nas corolas seus fragores
A passarada canta na floresta ao léu
Toda tribo tem seu chefe, o pajé
Que finca seus biombos pelo chão
Mas em toda história da criação
Ninguém tem mais beleza que a mulher

Há vários tipos de peixes pelos mares
Todos eles em perfeita harmonia
Em rebanhos numerosos pelos ares
Andorinhas fazem verão todo o dia
Nos jardins bailando pelos pomares
Os beija-flores dançam o seu balé
Desafiando a lei da gravitação
Mas em toda história da criação
Ninguém tem mais beleza que a mulher

A leão é o rei dos animais
Sua fêmea possui muita beleza
Nos buracos vivem os tamanduás
Os macacos são dotados de destreza
Nas pedras dos açudes os aruás
Caminham pelas trilhas sem chofer
Se grudam com enorme absorção
Mas em toda história da criação
Ninguém tem mais beleza que a mulher

Uma noite de lua é bonita
Tem beleza e magia singular
Acalma qualquer pessoa aflita
Que venha sua prata vislumbrar
Se a noite é de estrela a gente fita
A tênue luz se derramando na maré
Isto ao poeta dá muita inspiração
Mas em toda história da criação
Ninguém tem mais beleza que a mulher

A mulher desafia a natureza
Seus dois congressos em verticalidade
Excitam toda a força da macheza
Desrespeitam as leis da gravidade
O seu delta bem traçado trás beleza
Deixa louco qualquer um neste tripé
Despertando no homem o tesão
Pois em toda história da criação
Ninguém tem mais beleza que a mulher

Arnaud Amorim

MALDADE HUMANA

A maldade está no homem
Dentro do seu coração
É assunto confirmado
Em toda a geração
É pecador descendente
O pecado é concernente
À queda do pai adão

Ocorreu recentemente
Lá nos Estados Unidos
Jovens universitários
Tratados como bandidos
Em quatro oportunidades
Várias universidades
Muitos mortos e feridos

Veja o leitor a riqueza
Num país de primo mundo
Diferente da pobreza
D'um povo triste e imundo
Mas o trauma está na alma
Do jovem que nunca acalma
Perdura o stress profundo

Só ontem morreram seis
Na cidade de Illinois
Que gesto mais absurdo
Pras famílias e pra nós
Em todo mundo atirar
E depois se suicidar
Que atitude mais atroz

Chegar mirar a platéia
Mandar bala no povão
Que coisa inconcebível
É de cortar coração
Só se explica de um jeito
É ódio dentro do peito
Extravasado no cão

É mister buscar a Deus
E a Ele se entregar
Confessar os erros seus
E aprender a orar
Conversar com o paizinho
Que nos ama com carinho
Para tudo superar

Arnaud Amorim

GONZAGA REI DO BAIÃO, ESCREVEU A SUA HISTÓRIA

Exu lá de Pernambuco
Foi o seu torrão natal
Deve sentir muito orgulho
De ser o berço imortal
De filho de tanta glória
Tamanha é aceitação
Gonzaga rei do baião
Escreveu a sua história

De Exu foi para o Rio
E lá cantou um xamego
Fez um solo bem tocado
Não tremeu nem sentiu medo
Era eliminatória
Aquela apresentação
Gonzaga rei do baião
Escreveu a sua história

Depois vem meu pé de serra
Sucesso em sua carreira
Em todo nosso país
Levantou esta bandeira
Começou sua trajetória
Com muita animação
Gonzaga rei do baião
Escreveu a sua história

Quem não lembra asa branca!
Um baião bem nordestino
Também estourou em vendas
Marcando o seu destino
Sem nenhuma escapatória
Que grande composição
Gonzaga rei do baião
Escreveu a sua história

Em torno de cinco anos
Mais de cem discos gravou
Aceitação foi geral
Todo mundo o comprou
Merece dedicatória
É grande a veneração
Gonzaga rei do baião
Escreveu a sua história

Um dia em Mossoró
Eu mesmo fui vê-lo lá
Achava que não cantava
Fui para perto olhar
Dei a mão à palmatória
Escutei seu vozeirão
Gonzaga rei do baião
Escreveu a sua história

Quando se fala em baião
Gonzaga está na frente
O tempo está dividido
Isto tudo é bem patente
Há uma linha divisória
Há esta concepção
Gonzaga rei do baião
Escreveu a sua história

Fez bonito em sua messe
Nunca negou as raízes
Mesmo que em seu canto houvesse
Tintas de todas matizes
Deixou esta invocatória
Ao puxar o acordeão
Gonzaga rei do baião
Escreveu a sua história

Escreveu mui bem escrita
No teclado da sanfona
História muito bonita
Com uma rima bem chorona
Repleta de oratória
Digo sem contestação
Gonzaga rei do baião
Escreveu a sua história

No ano oitenta e nove
Sendo do século passado
Passou para a eternidade
Deixou seu nome aprovado
E gravado na memória
De toda população
Gonzaga rei do baião
Escreveu a sua história

FOI ANTONIO CONSELHEIRO SONHADOR DA LIBERDADE

É filho do ceará
Este ser misterioso
Nasceu no século dezenove
Fui muito religioso
Passou por Ipu, cidade
E em Sobral foi caixeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Esteve em campina grande
Trabalhou como escrivão
Estudou muitas letras
Recebeu educação
Viu potencialidade
Latim, português primeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Ficou muito pesaroso
Com a morte de seu pai
Trabalhou no seu comércio
Depois que o velho vai
Não teve capacidade
Para lutar com dinheiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Fechou aquele comércio
Começou perambular
Levando sua mulher
A todo e qualquer lugar
Era quase um esmoleiro
Em qualquer localidade
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Deixou dívidas no comércio
Os cobradores atrás
Estava liso e sujo
Numa vida bem sagaz
Na sua atividade
Ele era estradeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Viu outra decepção
Na vida acontecer
Sua mulher lhe traiu
Sentiu a dor lhe doer
Diante desta maldade
Já quis ser um justiceiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Tinha bastante cultura
Perdeu a esposa querida
Sofreu bastante agrura
E falhou em sua vida
Não teve oportunidade
Achava-se agoureiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Passou a andar sozinho
Por cidades e fazendas
Por onde ele chegava
A alguém pedia tenda
Na imagem de um frade
Virou mesmo forasteiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Por onde ia passando
Ensinava a rezar
O povo ia gostando
E passou a o venerar
Em qualquer ansiedade
Também era benzedeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Muitos o acompanhavam
Consideravam-no santo
E ele naqueles trajes
De batina como manto
Gente de toda idade
O achava milagreiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Como tinha grande sonho
Já escolheu um local
Isto foi lá na Bahia
Construiu um arraial
Sem ter estabilidade
Era bastante matreiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Muitos fiéis do nordeste
A ele já se juntavam
Aumentou a população
E assim se animavam
Com muita sagacidade
Foi crescendo o poleiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Lá chamaram de canudos
Todos os seus seguidores
Ele era inteligente
Determinava feitores
Pois viram facilidade
Ali naquele ribeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Assim pode crescer muito
O arraial de canudos
Faziam casas e igreja
Aquele povo trombudo
Mas tinha autoridade
Treinou povo fuzileiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Os jagunços foram ensinados
A plantar e a caçar
E também foram treinados
A lutar e a matar
Tudo com velocidade
Mesmo sendo povo ordeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Canudos chegou ao ouvido
Do governo do Brasil
Que não gostou da idéia
E a achou muito imbecil
Com bastante atrocidade
Mandou lá um mensageiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Conselheiro nem ouviu
O seu sonho era alto
O governo então mandou
A força de sobressalto
Foi grande a mortandade
Canudos venceu primeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Foram três expedições
Até chegar ao final
Com o coronel Moreira
Ali naquele local
Com grande animalidade
E foi grande o braseiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

De fato foi grande a luta
Com a tropa governista
Foram quinze mil cartuchos
Trazidos para esta pista
Lá não houve piedade
Porém tiro de morteiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Caíram pra não morrer
O escritor escreveu
Era ser livre ou morrer
Canudos não se rendeu
Na maior perversidade
Oh povo bravo e guerreiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Após morrer Conselheiro
Os jagunços fraquejaram
Acabou ali o sonho
Que tantos ali sonharam
Muita singularidade
Neste fato derradeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Arnaud Amorim

NUMA CASA DE ESQUINA, VIVI MAIS DE TRINTA ANOS

Cheguei em sessenta e oito
E passei muitos janeiros
Carreguei sempre afoito
Muitas águas dos ribeiros
Bombeadas pelos canos
Condensando chuva fina
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Bem pintada na paisagem
Num projeto arrojado
Parecendo uma visagem
Tudo reto sem telhado
Assim mesmo nascem planos
Talvez vindos lá da china
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Quantas lutas dissabores
Passei lá naqueles ares
Plantei frutas, bosques, flores
Naveguei em outros mares
Sofri até muitos danos
Como aquele que atina
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Ali houve muitas festas
Muitas comemorações
Muitas pancadas nas testas
Por variadas razões
Mas vencemos tudo ufanos
Nesta luta peregrina
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Muitos invernos passamos
As chuvas grossas caindo
Muitas noites nós deitamos
O som do trovão ouvindo
Cobertos com nossos panos
Respingados na neblina
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Investimos na família
Esforços, lutas, amores
Pedimos a Deus em vigília
Pra sanar as nossas dores
E os nossos desenganos
Ele muda qualquer sina
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Deus muito abençoou
Meu trabalho neste ponto
Com sua mão segurou
Por isso agora eu conto
Meus votos não são profanos
Encontrei ouro na mina
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Sou grato a Deus por tudo
Por derrotas e vitórias
Muitas vezes até mudo
Nas controvérsias inglórias
Nunca fomos desumanos
Segurando nesta crina
Numa casa de esquina
Vivi mais de trinta anos

Arnaud Amorim

FAÇO UM PREITO A TIRADENTES, O MÁRTIR DA INDEPENDÊNCIA

Foi José Joaquim da Silva
Xavier assim chamado
Lá da fazenda Pombal
Um mineiro tão amado
Trabalhou com eficiência
Tinha sonhos bem ardentes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

Ficou órfão a onze anos
For mercador ambulante
Estudou os minerais
Onde aprendeu bastante
Tinha grande abrangência
E posturas coerentes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

Era muito habilidoso
Dentes sabia extrair
Desenvolveu esta arte
Ficou conhecido ali
Caminhou nesta tendência
Extraindo muitos dentes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

Pertenceu ao regimento
Dragões de Minas Gerais
Era muito corajoso
Herdou de seus ancestrais
Mas agia com prudência
Com os seus adjacentes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

Também já foi um alferes
Sendo muito justiceiro
Prendeu muitos assassinos
Mesmo sendo homem ordeiro
Defendia a decência
Desde seus antecedentes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

A Colônia brasileira
Crescia materialmente
Portugal então levava
Muitas riquezas da gente
Era grande a exigência
Começaram os incidentes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

Estes acontecimentos
Na colônia despertaram
Anseio de liberdade
E muitos assim sonharam
Com bastante refulgência
E seus desejos latentes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

Neste ínterim ocorria
A independência americana
Diante da Inglaterra
Numa ação bem soberana
Aumentando a efervescência
Entre os homens emergentes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

Muitos jovens brasileiros
Na Europa estudavam
E voltando para o Brasil
O clima eles esquentavam
Com sua proeminência
E idéias envolventes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

A cobrança de impostos
Era muito exorbitante
Portugal sempre aumentava
As taxas naquele instante
Agia com intransigência
Em todos os ambientes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

O conde de Barbacena
Já agendava a derrama
O aperto seria enorme
Toda a colônia reclama
De tamanha prepotência
Decretos muito afligentes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

Tiradentes na vanguarda
Atrás artistas, poetas
Militares, sacerdotes
Em ações muito secretas
Começava a providência
Com homens bem competentes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

Destarte em Rila Rica
Tramaram a conspiração
Seria exatamente
Na derrama a rebelião
Programada a transcorrência
Idéias bem consistentes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

Joaquim Silvério dos Reis
Sendo amigo e companheiro
Quem jamais imaginava
Que fosse tão traiçoeiro
Preparou a inconfidência
Foi covarde e dissidente
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

Lá no Rio de Janeiro
A nova espalha ligeiro
Já prenderam Tiradentes
Na rua do Latoeiro
Começava a penitência
Com ele foram coagentes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

No ano noventa e dois
Sendo do século dezoito
Em vinte e um de abril
Foi enforcado o afoito
Foi um fim na virulência
Em cenas tão comoventes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

For mártir da liberdade
Por ser então enforcado
Mais algum tempo depois
O Brasil foi libertado
Encerrando a dependência
Dos portugueses inclementes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

Deixo aqui esta homenagem
Ao grande libertador
Que pagou um preço caro
Num gesto de grande amor
Dando-nos a iminência
De liberdades latentes
Faço um preito a Tiradentes
O mártir da independência

Arnaud Amorim

A REVOLTA DOS COLOMBOS FOI UM ATO DE CORAGEM

Da áfrica vieram os
Fortes navios negreiros
Em viagens cansativas
Cheios de prisioneiros
Foi uma triste viagem
Comiam até retombos
A revolta dos quilombos
Foi um ato de coragem

Precisavam mão de obra
Europeus gananciosos
Souberam que lá da África
Vieram negros fogosos
Começou a corretagem
Batiam neles quão bombos
A revolta dos quilombos
Foi um ato de coragem

Muitos negros aqui chegaram
Vindos da banda de Angola
Apanhavam no trajeto
Também não tinham escola
Viajavam na bagagem
Muitos doentes de trombo
A revolta dos quilombos
Foi um ato de coragem

A moda ali no momento
Era o comércio humano
Desrespeitavam os negros
Sob um regime tirano
Tratados como selvagem
Muito chicote nos lombos
A revolta dos quilombos
Foi um ato de coragem

Os negros então fugiram
Numa noite muito escura
Só queriam liberdade
E uma vida mais segura
Estavam em desvantagem
Mas tinhas alma de pombos
A revolta dos quilombos
Foi um ato de coragem

Quilombos se organizaram
Como foi o de Palmares
Juntaram religiões
Construíram seus altares
Mata fechada ou na vagem
Sempre ouviam os ribombos
A revolta dos quilombos
Foi um ato de coragem

Assim bem organizados
Grupos bem constituídos
Tinham até vinte mil negros
Também eram guarnecidos
Prá enfrentar sacanagem
No espinhaço mil calombos
A revolta dos quilombos
Foi um ato de coragem

Ficavam na mata escondidos
Muito bem amotinados
Aprendiam artes de guerra
Todos eram bem treinados
Sabiam levar vantagem
Moravam lá em biombos
A revolta dos quilombos
Foi um ato de coragem

Tudo isto foi prenuncio
Da liberdade sonhada
Finalmente a lei áurea
Pode então ser assinada
Com respeito à sua imagem
Negros não merecem tombos
A revolta dos quilombos
Foi um ato de coragem

Ainda há preconceitos
Dentro de todas as cores
São defendidos conceitos
Atrapalhando os amores
Ocorre em toda linhagem
Nas relações muitos rombos
A revolta dos quilombos
Foi um ato de coragem

Arnaud Amorim

DE DEVEDOR A CREDOR

Noticia muito importante
Da qual quis ser sabedor
Já circula nos jornais
Causando grande rumor
O Brasil está mudando
De devedor a credor

Diante grandes mazelas
Da política brasileira
Com tantas noticias ruins
Numa prática rotineira
Finalmente algo bom
Vem mudar a desgraceira

A notícia já circula
Em âmbito internacional
As reservas brasileiras
Perfazem hoje um total
Nos dando a condição
De sair da espiral

As nossas exportações
Começaram a aumentar
Gerando saldo de caixa
E isto veio animar
A produção brasileira
De forma espetacular

No ano dois mil e cinco
O Brasil já tinha caixa
Resgatou o FMI
Foi pagando e dando baixa
Clube de Paris, C-Bonds
Zerou, passou a borracha

Isto chama a atenção
De grandes investidores
De vários outros paises
Que destinam seus valores
Para nossa economia
Dando-nos outros sabores

Oxalá que isto venha
De forma bem contundente
Melhorar situação
No Brasil de tanta gente
Que até aqui esperou
Sofrendo carência ingente

Só temo que isto seja
mais falácia do PT
Ou mais uma reportagem
Publicada na TV
Que estamos acostumados
Diariamente a ver

Arnaud Amorim

ASSALTARAM LOGO O VALENTÃO

Minha esposa e sua mãe
Iam ao supermercado
Em torno de cinco horas
Eu fiquei preocupado
Pois é justo neste horário
Que o povo é assaltado

Num instinto natural
Eu falei de supetão:
- Esperem só um pouquiinho
Esta hora é de aflição
Eu também vou com vocês
Vou lhes dando proteção

Fomos os três pela rua
Eu tomei logo a frente
Achando que como homem
Poderia ser valente
Enfrentaria o assaltante
Que mexesse com a gente

Ao dobrar primeira esquina
Ali no meio do asfalto
Ao passar por um rapaz
Ele gritava bem alto
Com uma arma não mão
Anunciando o assalto

Ele disse: - Passa! Passa!
Vai logo seu vagabundo!
Já pensou que disparate
Um infeliz tão imundo
Me tratar desta maneira?
Fiquei branco e iracundo

Fiquei desorientado
Naquela situação
Não pensei nem um segundo
Dei-lhe um grande empurrão
Afastando-o para longe
Com a força do safanão

Naquele exato momento
Vi dois rapazes correndo
Para dar cobertura
Aquele ato horrendo
Minha esposa então gritou
Com a sua voz tremendo:

- Depressa! Corra Arnaud!
Adrenalina na mente
Eu corri naquele instante
Sentindo meu sangue quente
Perdi até os chinelos
Com o pulo que dei pra frente

Nunca briguei nem com um
Com três iria brigar?
Resolvi correr ligeiro
Procurei qualquer lugar
Por que estava com medo
E não queria apanhar

Passei no meio dos carros
Na rua em movimento
Enfrentando o perigo
De um atropelamento
Consegui chegar na esquina
Coração em batimento

Ouvi quando eles gritaram
Correndo em disparada:
- Sujou! e foram em frente
Seguindo pela calçada
Voltamos todos prá casa
E não compramos mais nada

É tudo muito ligeiro
Como se fosse um aceno
Depois a policia passa
E vistoria o terreno
A gente volta pra casa
Com a sensação de pequeno

Senti a ficha cair
Depois do fato ocorrido
O sangue foi esfriando
Fiquei muito arrependido
Se ele tivesse atirado
Poderia ter morrido

De fato logrei bom êxito
Neste assalto que sofri
Não aconselho ninguém
Agir como eu agi
Foi Deus quem me permitiu
Viver e contar aqui

O que achei interessante
Neste fato em questão
Eu tentei dar às mulheres
Plena e total guarnição
Mas eles logo pegaram
O inditoso o valentão

- Mas que valentão que dada
Sou mensageiro da paz
Nunca briguei com ninguém
Sempre fui um bom rapaz
Jamais iria enfrentar
Um malvado ladravaz

Deus nos livra, fique certo
Ele em sua palavra diz:
- Caem mil à tua direita
Mas tu serás bem feliz
Pois não serás atingido
Garante o grande juiz


Arnaud Amorim

TECNOLOGIA DE PONTA

As gigantes da tecnologia mundial estão focalizando caminhos bastante interessantes e auspiciosos para trilharmos nestes breves dias. Temos ouvido falar muito de TV digital, com o grande salto de qualidade em definição e interatividade. Igualmente, aguardamos a telefonia de terceira geração, que nos permitirá navegarmos pela Internet, vermos clipes e assistirmos as novelas e jornais, na própria telinha deste campeão de vendas. Antes mesmo de vermos a chegada desta televisão de altíssima definição e de fazermos a transição para a telefonia 3G, o cinema que parecia adormecido e obsoleto, com o advento do DVD, ataca novamente, com força total, com a projeção tri-dimensional. Nos estados Unidos já existem mais de mil cinemas instalados. Temos apenas um no Brasil, em São Paulo. Mas esta moda vai pegar também. As vendas de bilheterias explodem onde o cinema 3D chega. As bilheterias vendem quatro vezes mais. É só pegar os óculos apropriados e ver as imagens saindo da tela!!
Pelo visto, temos grandes novidades nestes próximos dias. Eu, que sempre gostei de tecnologia de ponta, já estou esperando o que vem por ai.

Arnaud Amorim

RETRATO DE MINNA CASA

Como esquecer se morei lá por quinze anos
E justamente no meu tempo de menino?
Minha mente gravou tudo no meu tino
Tudo pintado em quadros cotidianos

A casa grande de alpendre e cumeeira
Calçada alta de pedra branca no oitão
Na sala havia um andar térreo igual sótão
Em frente o açude e a serra costumeira

Não esqueço o retrato de minha casa
Está gravado a ferro, fogo e brasa
Na memória viva, está em meu viver

Um dia fui embora para o mundo
Mas não o esqueço nem mesmo um segundo
Está gravado muito forte no meu ser

Arnaud Amorim

KÁTIA, NOTA DEZ!

Valeu, Kátia, foste igual a uma criança
Trouxeste muita alegria em teu peito
Como gosto de te ver daquele jeito!
Seguraste o bom humor lá na festança

Como é bom quando o riso irradia
Trazendo leveza a todo o ambiente
E assim vai contagiando toda gente
Em pouco tempo quem domina é alegria

Quando criança, eras a maior estrela
Cantavas e todos queriam vê-la
Apresentaste-te de fato como és

Foste a criança refletida num espelho
Mereceste um tapete bem vermelho
Naquela noite a tua nota foi dez!

Arnaud Amorim

domingo, 24 de fevereiro de 2008

AMIGO VERDADEIRO

Estávamos desgarrados, ovelhas sem pastor
Perdidos em delitos e grande sofrimento
Na escuridão do abandono e tormento
Íamos na direção do grande horror

Mas Deus nos amou de tal maneira
Que se fez carne e morou entre nós
Pagou na cruz um jugo muito atroz
Para nos dar a vida eterna e inteira

Temos bússola, direção e um norte
Ele é homem e também é Deus forte
Já não somos simples aventureiros

Esperamos tão somente o grande dia
Em que seremos chamados com alegria
Pelo Rei dos reis, amigo verdadeiro

Arnaud Amorim

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

ALINE

Eu queria encontrar na imensidão
Um nome que fosse puro, doce e limpo
Mas no primeiro segundo de garimpo
Já o vi brilhando em minha mão

Alegro-me por ter sido o primeiro
A ver o brilho desta pepita de ouro
Enriquecendo grandemente meu tesouro
Logo hoje, vinte e dois de fevereiro

Outrora há algum tempo, neste dia
Deus usou de extrema sabedoria
E a fez nascer para que brilhe e fascine

Faço um preito a esta estrela radiante
És singela e ao mesmo tempo tão brilhante
Parabéns, saúde e paz, querida Aline

Arnaud Amorim

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

YASMIN

Você já viu a singeleza de uma rosa
Em casa, na roseira ou no jardim?
Já cheirou calmamente um jasmin?
Nunca havia feito ação tão prazerosa !

A beleza desta rosa é muito linda
Seus olhinhos brilham como estrela viva
Seu sorriso é tão sincero que cativa
Eu não havia reparado isto ainda!

A leveza que irradia adoça e encanta
Tão novinha e inocente como uma santa
Abençoando tanto minha vida assim

Só posso muito a Deus agradecer
Poder brincar, abraçar, cheirar e ver
Minha linda neta, rosa Yasmin


Arnaud amorim

domingo, 17 de fevereiro de 2008

HORMÔNIOS

No inicio estão inertes esperando
O momento adequado e oportuno
Na puberdade fazem quão netuno
Vão seus ciclos de ação iniciando

Pelos, barba e voz, a chama acesa
No macho vem agindo a testosterona
O estrogênio na mulher igual madona
Dá-lhe as formas sinuosas da princesa

Basta um olhar, um toque, estimulação
Na plenitude do amor há fecundação
O milagre da vida ocorre, irradia

Na velhice voltam à inatividade
Vai apagando a chama nesta idade
Tudo termina da forma que principia

Arnaud Amorim

sábado, 16 de fevereiro de 2008

MARTA OU MARIA?

Uma quedava-se a seus pés e o ouvia
Estava ávida pelos seus ensinamentos
Perdoada sentia o alivio dos tormentos
Escolhera a boa parte, esta é Maria

A outra corre e do trabalho não se farta
Viu a irmã, aos pés do mestre e reclama
Como ficar assim inerte, não me ama?
Senhor, ordena que me ajude! esta é Marta

Oh Marta por que estás tão inquieta?
Deixa-a extravasar com o profeta
Faz o melhor e quem daqui a tiraria?

Como tenho usado os tempos meus?
Só trabalho e correria ou paro para Deus?
Tenho feito como Marta ou Maria?

Arnaud Amorim

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

VÃ LOUCURA

No firmamento navega a embarcação
Rasgando céus somente a letra morta
O líquido fluiu em evaporação
Resta um extra-uterino em vida torta

Carro desgovernado em solo americano
Artigo escrito em jornais espanhóis
Paixão solitária frente ao órgão humano
Ser vivente, brisa escura sem ver sóis

Vida imersa nesta constante disputa
Galga e solta o ar em contínua luta
Inconstante ser que arranha e segura

Pensamentos vãos, correntes disparadas
Que rasgam céus nas loucas madrugadas
Devaneios surreais de vã loucura

Arnaud Amorim

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

MINHA SINGELA HISTÓRIA

Suplico ao Deus das luzes
Senhor de toda a glória
Que ajude a este humilde
Iluminando a memória
Para poder versejar
Narrando a sua história

No ano quarenta e sete
Sendo do século passado
Janeiro dia vinte e três
Nasci e fui bem amado
La na fazenda Torada
A minha mãezinha amada
Me dava leite de gado

De numerosa família
Filho de Chico Amorim
No cartório é Francisco
Deixe-me explicar assim
Homem de grande valor
Deu a todos muito amor
E também o deu a mim

Lembro muito minha mãe
Trago na recordação
O seu nome é Amélia
Mulher de grande visão
Ela teve vinte filhos
Criou dezesseis nos trilhos
Com amor no coração

Eu sempre fui sonhador
Desde o tempo de menino
Mesmo na luta de casa
Só fiz alguns desatinos
As mangas jasmin furei
Os açudes arrombei
Apanhei igual ao sino

Pois foi deixe eu contar
Eu sai de casa cedo
Fui ao sítio de manhã
De nada eu tinha medo
Na baixa de arroz passei
Vários baldos encontrei
Pensei que era brinquedo

Arrombei, achei bonito
Gostei daquela enchente
Muita água escorrendo
Prossegui e fui em frente
Fui a todos arrombando
Água bem fria rolando
Por cima dos pés da gente

Cheguei na mangueira em frente
Bem no meio do baixio
Procurei mangas maduras
Naquela hora de frio
Eu não encontrei nenhuma
As verdes de uma em uma
Furei, veja meio feitio

Fiz a volta na mangueira
Não subi, fui pelo chão
Fui furando com a unha
Veja só a minha ação
Inocente ia furando
As mangas atrás chorando
Igual leite de pinhão

O meu pai por lá passou
Conheceu minha pegada
Voltou pra casa irado
Com a cara avermelhada
Ai a pisa foi feia
Foi bem uma dúzia e meia
De grandes e boas lapadas

Baldos podiam arrombar
Mas não por meu intermédio
Mangas não iam pingar
Nem que fosse prá meu tédio
Oh bicho bom é a peia
Não é santo de areia
Mas é um grande remédio

Aprendi me corrigi
Sem guardar nenhuma panta
A vida lá continua
Com café, almoço e janta
Lembrança de vida boa
Trabalhar cantando loa
Mas sem forçar a garganta

A escola era ao lado
Naquela casinha branca
Cartilha de ABC
Professora muito franca
As letras fui emendando
O estudo aumentando
No saber que alavanca

No inverno muita planta
Para limpar de enxada
A fazenda muito linda
Toda de verde pintada
Pois nascia a jitirana
Da cor do sitio de cana
Oh vida boa danada

O tronco do capim verde
O rebanho sempre cata
Um bezerro escramuçando
Quão ligeiro acrobata
Prá matar a nossa fome
Mamãe traz, a gente come
Um bom prato de batata

Nunca mais pude esquecer
O banho no açude em frente
Patos marrecos a nadar
Passando perto da gente
Duas casacas de coro
Repetindo em seu choro
Na disputa mais plangente

A continuação do estudo
Eu fiz sem nenhum responso
Estudei muito e aprendi
Nunca fui aluno sonso
Todo dia o trote lento
Cavalgando num jumento
Á cidade Almino Afonso

À noite a gente dormia
Na rede armada na sala
Bastava papai mandar
Silêncio! a gente calava
Só se ouvia um boi mugindo
O telhado refletindo
O odor da neblina rala

Na moagem ainda lembro
A garapa na panela
No gigante os bois rodando
Nunca esqueci a tela
O tangedor aboiando
O mel fervendo e pulando
Cheiro forte de gamela

Um dia eu escutei
A professora falar:
- Tem futuro, d. Amélia
O estudo continuar
Arnaud é inteligente
E será conveniente
Mandá-lo pro’outro lugar

Mamãe depois me falou
Que em Mossoró havia
Uma senhora da família
Leitor, veja a sintonia
Era a minha madrinha
Que cedo já ido tinha
Morar lá e eu não sabia

Uma carta foi escrita
Para madrinha Didi
Gentilmente perguntando
Se eu poderia ir
Já respondeu de bom grado:
- Mande já meu afilhado
Para estudar aqui

Ainda lembro a viagem
Da fazenda à cidade
Fui com tio Zé Caetano
Amigo bom de verdade
O jumento vai andando
Do olho a lágrima rolando
Num soluço de saudade

Ainda quero dizer
Que uma juriti eu tinha
Criada numa gaiola
Lembrei disto agorinha
Acho que senti igual
Entre ela e o pessoal
A saudade da bichinha

Ao chegar na estação
Era tudo diferente
Ele comprou as passagens
A malota em nossa frente
O trem na curva gemendo
A fumaça descrevendo
Uma imagem plangente

Chegamos em Mossoró
Por volta do meio dia
Fomos ao destino certo
Que ele já conhecia
Fui muito bem recebido
Por todos muito querido
Mas a dor permanecia

Já na semana seguinte
Seguimos ao seminário
Para fazer umas provas
De conta e vocabulário
Exame preliminar
Para poder adentrar
Lá naquele educandário

Passados uns poucos dias
Recebi o resultado
Chegava um envelope
E dentro escrito aprovado
Foi grande a alegria
Já avisei em qual dia
Voltaria ao povoado

Que diferença tremenda
Há entre a vinda e a volta
Uma é muito dolorida
Na outra a dor se solta
Uma cantiga bem boa
O peito alegra e entoa
Para apagar a revolta

Ao chegar na estação
Da minha terra natal
Foi grande a recepção
Muita gente no local
Veio gente da fazenda
Outros da rua na agenda
Foi tudo muito legal

Na fazenda houve festa
Para todo mundo ali
No alpendre muitas redes
E também a juriti
Todos alegres falando
Ali me homenageando
Grande emoção eu senti

No seguinte fevereiro
Voltei para o seminário
Já bem mais acostumado
Já sabia o itinerário
Foi no dia dezesseis
Comecei primeira vez
A estudar, fazer rosário

Ainda lembro o local
Lá na praça do congresso
Vejo aqui na minha mente
Os três prédios, eu confesso
É patrimônio tombado
Pelo meu peito marcado
No coração submerso

Ali passei quatro anos
De sessenta para a frente
Progredi nos meus estudos
Mas achei conveniente
Nunca tive vocação
Prá ser padre ou sacristão
Sair amigavelmente

Vamos situar no tempo
Eu só tinha quinze anos
Nunca tinha namorado
Era como um puritano
Ou como um botão em flor
No terreno do amor
Não tivera desengano

Fui prá casa de um amigo
O seu nome é Dãozinho
Ozinha é sua esposa
Foram pérolas no caminho
Casal bom e muito altivo
Talvez o diminutivo
Expressem este carinho

Um dia na padaria
Na rua Zé de Alencar
Passou uma moça bonita
Eu comecei a olhar
Perguntei o nome dela
Daquela linda donzela?
Que jovem tão singular!

Depois eu soube é Núbia
Alguém ali respondeu
Se há amor à prima vista
Este amor ali nasceu
Sempre que meu olho a via
Coração forte batia
E ela correspondeu

Um dia nos encontramos
Na praça da conceição
Enquanto mais conversava
Mais aumentava a feição
O amor é uma semente
Que nasce dentro da gente
E cresce no coração

O amor tem seus percalços
Minha família não queria
Meu irmão veio de carro
Buscar-me um belo dia
Prá recife iam me mandar
Somente para estudar
Como o meu peito ardia!

Quando Deus traça um destino
Ninguém vai mudar seus planos
Em novembro, dia três
Daquele presente ano
Nos casamos na capela
Tão bonitos eu e ela
Juntamos os nossos panos

Foi na praia de Tibau
A nossa lua de mel
Naquela paisagem linda
Que o amor abre o seu véu
Como ele é doce e quente
Que adoça e queima a gente
Como um forte fogaréu

Recordações ainda guardo
Do meu primeiro trabalho
Na cervejaria Brahma
Vi a cor do bom cascalho
A gente vai trabalhando
E o dinheiro vai pegando
Como a rede de tresmalho

Sessenta e sete o ano
Vinte e sete foi o dia
Lembro foi no mês de julho
Karla Michelle nascia
A mãe sofrendo e vai
Mas a dor quem sente é o pai
Como em mim isto doía

Esperei muito um filho
Mas nasceu menina linda
Não vou contar os detalhes
Mas de tudo lembro ainda
Vimos nossa filha amada
Em tanto tempo sonhada
E era muito bem vinda

Arranjei outro emprego
A despesa aumentava
Agora éramos três
O dinheiro já não dava
Na outra firma então
Fui pesador de algodão
Um pouco mais eu ganhava

Sessenta e oito era o ano
Eu pagava aluguel
Soube que havia casas
Lá no Walfredo Gurgel
Ainda lembro o dia
Que tive a maior alegria
Ao morar perto do céu

Foram tantas emoções
Que tive nesta mudança
Eu estava bem feliz
Nesta hora de bonança
A casa era pequenina
Eu, Núbia e nossa menina
Tempo de muita esperança

Um ano e pouco depois
Deus nos deu outro presente
Nascia Kaline Mirelle
Alegrando o lar da gente
Parto normal e ela vinha
Nossa segunda rainha
Mais uma flor ali presente

Já no ano de setenta
Tivemos copa do mundo
O Brasil foi tri-campeão
Não esqueço um segundo
Fato marcante viria
Abrimos a padaria
Projeto grande e profundo

O leitor veja importância
Do projeto em nossa vida
Através dele podemos
Dar proteção e guarida
Na família investir
Poder também possuir
Mais bens melhor acolhida

No ano setenta e hum
Deus nos deu mais um presente
Nasceu mais flor na roseira
Perfumando o ambiente
Chegava Kátia Samara
Que prá nós foi muito cara
Alegrando toda a gente

O governo neste ano
Construía o porto ilha
Núbia está na padaria
E eu fui para esta trilha
Na empresa Ribeiro Franco
Trabalhei tive um arranco
Naveguei na sua quilha

Sim, fazia o pagamento
Da folha em alto mar
Era grande o sofrimento
Toda semana ia lá
Pegava a lancha no cais
Balançava até demais
Chegava até a enjoar

O leitor sabe do arranco
Que falei ali atrás
É porque com o dinheiro
Que ganhei já fui capaz
As máquinas eu compraria
Para a minha padaria
Fui competente, rapaz
Veja como a gente faz

Industria estruturada
Já nos deu a condição
Produto de qualidade
Aumento de produção
Tudo era de primeira
Pude vendê-los na feira
De toda a região

No ano setenta e quatro
A empresa paulistana
Concluiu o porto ilha
Eu sai peguei a grana
Investi na residência
Primeiro andar excelência
Tudo bonito e bacana

Melhorou a condição
O negócio expandido
Socorremos muita gente
Ao meu povo tão querido
Várias casas fui comprando
A uns cedendo, ajudando
Deixando o povo assistido

Eu não sou pretensioso
E nunca fui egoísta
Não guardei grana em banco
Jamais fui acionista
Meu prazer era ajudar
Alegrei-me em alegrar
Eu sempre andei nesta pista

Em torno de cinco casas
Eu comprei para os parentes
Além de emprego e terrenos
Deixando todos contentes
Socorro de grande monta
A Deus irão prestar conta
É bom deixá-los cientes

No ano setenta e nove
Mais uma filha pequena
Deus nos dava de presente
Era Kaliane Yslena
Com riso e simpatia
Trazendo muita alegria
Para todo o ambiente

No ano oitenta e um
Compramos casa em tibau
Lá fizemos muitas festas
Veraneio e carnaval
Se fosse tudo contar
O leitor iria cansar
Ou lhe trazer algum mal

Quero contar só um fato
Que passou num carnaval
Grande som e batucada
Tocador instrumental
Muita gente ali na mesa
Havia grande despesa
Tudo do meu capital

Deixamos nosso negócio
Na mão de gente incapaz
Muita comida e bebida
Bastante gente atrás
A casa bem lotadinha
Minha esposa na cozinha
Gastando todo seu gás

Oitenta e quatro o ano
Um filho a Deus pedia
Para sarar desengano
A oração atendia
Se o justo faz oração
Vem filho do coração
Trazendo muita alegria

Deus nos dava aquele filho
Tão longamente sonhado
Arnaud filho é seu nome
Logo assim foi batizado
Filho é bênção de Deus
Alegra os anseios meus
O time está encerrado

No ano oitenta e cinco
O negocio já sentia
Aquela falta de zelo
Frente a nossa padaria
Ainda havia mesmo assim
Três carros em frente a mim
Gastando bem todo dia

Tive a idéia interessante
De mover outro negócio
Pensando em completar
O dinheiro e o ócio
Abri o bar paraíso
Para isto foi preciso
Dinheiro, trabalho e sócio

Foi o tempo mais atroz
Que passei em toda a vida
Ficar à noite em claro
Levar a esposa querida
Canseira e muito enfado
A padaria de lado
Na longa estrada perdida

Agüentamos dois anos
Nesta luta tão tremenda
Havia até movimento
Despesa e pouca renda
Deus parece não faz nada
Se o labor não lhe agrada
Tive que procurar venda

Crescem os filhos vão casando
Igual a um passarinho
A saudade vão deixando
E vão voando do ninho
Pensava os filhos são meus
Depois vi que são de Deus
Vamos ficando sozinhos

No ano noventa e três
A angustia era pesada
Todo mundo revoltado
Na trilha da caminhada
No céu brilhou uma luz
E tivemos em Jesus
Nossa dor atenuada

Deus mostrou sua bondade
Tudo Ele assiste e vê
Nos deu oportunidade
Através do ECC
Foram os três dias mais lindos
Muito amor e Ele vindo
A nós dois nos socorrer

Nos caminhos do Senhor
Vi que o amor dEle é alto
Tive o honrado prazer
Fizemos de sobressalto
Um templo de pregação
Louvor e adoração
É a Igreja do Planalto

Agüentamos quatorze anos
Só ali na padaria
No ano dois mil e um
Deus então já abriria
Pega na mão com firmeza
Nos traz para Fortaleza
Porta de grande alegria

Hoje temos oito netos
Veja que prazer profundo
Desculpe você leitor
São os mais belos do mundo
Como é bom beijar um neto
A gente faz com afeto
E o amor mais fecundo

Deus nos deu casa e comida
Até aqui não faltou
Enquanto dormimos à noite
Tudo providenciou
Isso dizemos a ti
De forma que até aqui
O Senhor nos ajudou

A gradeço toda a sua atenção
R registrada nesta leitura tão bela
N ão poderia deixar a ocasião
A qui pintar-lhe esta linda aquarela
U ma vez mais lhe digo - Muito obrigado
D desculpe algum traço torto nela

Arnaud Amorim

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

ASSALTARAM LOGO O VALENTÃO

Minha esposa e sua mãe
Iam ao supermercado
Em torno de cinco horas
Eu fiquei preocupado
Pois é justo neste horário
Que o povo é assaltado

Num instinto natural
Eu falei de supetão:
- Esperem só um pouquiinho
Esta hora é de aflição
Eu também vou com vocês
Vou lhes dando guarnição

Fomos os três pela rua
Eu tomei logo a frente
Achando que como homem
Poderia ser valente
Enfrentaria o assaltante
Que mexesse com a gente

Ao dobrar primeira esquina
Ali no meio do asfalto
Ao passar por um rapaz
Ele gritava bem alto
Com uma arma não mão
Anunciando o assalto

Ele disse: - Passa! Passa!
Vai logo seu vagabundo!
Já pensou que disparate
Um infeliz tão imundo
Me tratar desta maneira?
Fiquei branco e iracundo

Fiquei desorientado
Naquela situação
Não pensei nem um segundo
Dei-lhe um grande empurrão
Afastando-o para longe
Com a força do safanão

Naquele exato momento
Vi dois rapazes correndo
Para dar cobertura
Aquele ato horrendo
Minha esposa então gritou
Com a sua voz tremendo:

- Depressa! Corra Arnaud!
Adrenalina na mente
Eu corri naquele instante
Sentindo meu sangue quente
Perdi até os chinelos
Com o pulo que dei pra frente

Nunca briguei nem com um
Com três iria brigar?
Resolvi correr ligeiro
Procurei qualquer lugar
Por que estava com medo
E não queria apanhar

Passei no meio dos carros
Na rua em movimento
Enfrentando o perigo
De um atropelamento
Consegui chegar na esquina
Coração em batimento

Ouvi quando eles gritaram
Correndo em disparada:
- Sujou! e foram em frente
Seguindo pela calçada
Voltamos todos prá casa
E não compramos mais nada

É tudo muito ligeiro
Como se fosse um aceno
Depois a policia passa
E vistoria o terreno
A gente volta pra casa
Com a sensação de pequeno

Senti a ficha cair
Depois do fato ocorrido
O sangue foi esfriando
Fiquei muito arrependido
Se ele tivesse atirado
Poderia ter morrido

De fato logrei bom êxito
Neste assalto que sofri
Não aconselho ninguém
Agir como eu agi
Foi Deus quem me permitiu
Viver e contar aqui

O que achei interessante
Neste fato em questão
Eu tentei dar às mulheres
Plena e total proteção
Mas eles logo pegaram
O inditoso o valentão

- Mas que valentão que dada
Sou mensageiro da paz
Nunca briguei com ninguém
Sempre fui um bom rapaz
Jamais iria enfrentar
Um malvado ladravaz

Deus nos livra, fique certo
Ele em sua palavra diz:
- Caem mil à tua direita
Mas tu serás bem feliz
Pois não serás atingido
Garante o grande juiz


Arnaud Amorim

domingo, 10 de fevereiro de 2008

ALIMENTO NATURAL É VIDA LONGA E SAUDÁVEL

Precisamos acordar
Para esta realidade
E este assunto abordar
Com mais assiduidade
Mesmo sendo indesejável
Digo de forma cabal
Alimento natural
É vida longa e saudável

Atualmente as doenças
Aumentam sobremaneira
Aprendamos estas crenças
Hoje e na vida inteira
É um tema publicável
Comamos mais vegetal
Alimento natural
É vida longa e saudável

O homem em sua ganância
Só olha para o dinheiro
Em sua grande inconstância
Se vira num trambiqueiro
Pratica o questionável
Envenena o animal
Alimento natural
É vida longa e saudável

Onde o homem mete a mão
Deturpa, mata e envenena
Em tudo faz distorção
Entorta, amassa e empena
Estopim mui inflamável
Só traz confusão mental
Alimento natural
É vida longa e saudável

Maior vilão da saúde
É o conservante químico
Alimentos enlatados
Sempre trazem este cínico
Causam doença incurável
Mudando célula normal
Alimento natural
É vida longa e saudável

Há também os agrotóxicos
Nas nossas frutas verduras
Todos eles muito tóxicos
É realidade dura
O seu uso é incontável
No agro ambiental
Alimento natural
É vida longa e saudável

Hoje mexem com hormônios
Prá aumentar a produção
Nenhum órgão aqui controla
Este crime na nação
Assunto bem reprovável
E também acidental
Alimento natural
É vida longa e saudável

São muitas enfermidades
Com alimento errado
Muitos casos de CA
Trombose prá todo lado
Coração mui vulnerável
Este é o quadro atual
Alimento natural
É vida longa e saudável

Em meu tempo de criança
Era tudo diferente
Havia mais esperança
E menos gente doente
Sustento mais confiável
Saúde plena e total
Alimento natural
É vida longa e saudável

Sejamos criteriosos
Com nossa alimentação
Comamos coisas mais puras
Aprendamos dizer não
Olhemos o sustentável
Numa vida racional
Alimento natural
É vida longa e saudável

Quero aqui prestar um preito
A Francisco Amorim
Este senhor de respeito
Um naturalista enfim
Faz o incomensurável
Neste assunto universal
Alimento natural
É vida longa e saudável

Ele gerencia AMAMOS
Expressa duplicidade
Tanto afirma que nos ama
Na municipalidade
Como associação estável
Na macro visão global
Alimento natural
É vida longa e saudável

Há também outra pessoa
Que eu quero homenagear
Ele é gente muito boa
É o amigo Gilbamar
Faz um trabalho louvável
Na cidade de Natal
Alimento natural
É vida longa e saudável

Arnaud Amorim

FAÇAMOS UM MUTIRÃO PARA SALVAR O BRASIL

Um país tão colorido
Parece uma aquarela
Mas um povo tão sofrido
Tem até febre amarela
É bom clamar com ardil
Antes desta eleição
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Estou muito chateado
Com este desmatamento
O norte todo pelado
Amazônia é um tormento
Estão desmatando a mil
Tomemos a decisão
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Outro ponto complicado
Falo desta violência
Já estou bem condenado
Veja só que indecência
A polícia sem fuzil
Passa a maior aflição
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

O correto é construir
Bem distante da cidade
Uma penitenciária
Com grande capacidade
Em cada cela um gradil
E trabalho de montão
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Com muitas oficinas
O trabalho não consome
Todo preso trabalhando
Quem não trabalhar não come
À frente um aguazil
Com severa direção
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Pode ser no amazonas
Esta penitenciária
Porém sendo dividida
Prá cada estado uma área
Findaria o incivil
Preso vai ganhar seu pão
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Tudo informatizado
O fórum ali presente
Preso ganhando dinheiro
Dignidade é decente
Celas para o mulheril
Boa administração
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Tenho plena consciência
Que seria um sucesso
Os paises tentariam
Ao projeto ter acesso
Querendo igual canil
Nenhuma obstrução
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Já pensou na nossa paz?
Em todas as cidades
Viver sem um ladravaz
Completa tranqüilidade
Tocaria um arrabil
Cantaria uma canção
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

O pior câncer que há
Vê-se nesta roubalheira
Só que do jeito que está
Vamos cair na ladeira
E lisos sem um ceitil
Mas onde está o ladrão?
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Pegaram vários ratões
Com a mão na ratoeira
Roubando nossos tostões
Numa grande roubalheira
Oh povinho imbecil
Em que deu o mensalão?
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

A política brasileira
Já nos causa até vergonha
Foi assim a vida inteira
Fede igual uma peçonha
Eita povo mais hostil
Neguemos a votação
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

A casa que faz a lei
Agora virou piada
O que fazer já não sei.
E agora está transformada
No mais infame covil
Roubam de todo o povão
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

A saúde é uma miséria
Ninguém pode adoecer
Parece até pilhéria
Será que o lema é sofrer
Num quadro sempre febril?
Só não é azaração
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Desde a época da coroa
O rei queria vender
Todas jóias numa boa
E o povo socorrer
E pôr água no cantil
Cadê a transposição?
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Quando eles são candidatos
Prometem mundos e fundos
Mas nunca movem um ato
Para salvar este mundo
Pensa que sou infantil
Ninguém é mais besta não
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Quando querem nos pegar
E induzir nosso voto
São inocentes a orar
Como um santo bem devoto
Mostram-se muito gentil
E depois vem a traição
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Já a igreja católica
Só sabe fazer política
Sai totalmente da ótica
E parte prá fazer crítica
Neste torrão cor anil
Clamemos em oração
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Acho que tudo vai mal
No país do futebol
E também do carnaval
Encobrem a cor do sol
Do adulto ao juvenil
Isso tudo é ilusão
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Venderam nosso país
Já privatizaram tudo
Não sei quem foi o infeliz
De ira já estou mudo
Fizeram quão mercantil
Onde está o vendilhão?
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

E a reforma agrária?
Nunca saiu do papel
Só sabem invadir área
Num desrespeito cruel
Tem que mudar o perfil
E parar a agitação
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Já tenho sessenta anos
Trabalhei feito um cavalo
Hoje vejo desenganos
De raiva sinto entalo
Cadê a lei do senil?
Estou igual um surrão
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Preciso me aposentar
Já trabalhei minha parte
O ocaso vai começar
Não posso mais fazer arte
Já não sou mais pueril
Um só não faz o verão
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Ainda tenho esperança
Nas potencialidades
Como país que avança
Levando suas cidades
Não só no mês de abril
Clamemos nesta nação
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Falei aqui mais verdade
Do que a mentira infame
Defenda sua cidade
Já divulgue este ditame
Bem forte como o acetil
Que enche até um balão
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Deixo prá filhos e netos
A esperança que não morre
E a todos meus diletos
O grito que nos socorre
Mesmo sem ser um edil
Uso a voz como explosão
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

O mutirão que cantei
Arrancou do verso a rima
Compus e até me alegrei
Pus o peito para cima
Como a boca de um funil
Gostei da inspiração
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil

Vou findando por aqui
Este mote chamativo
Você que leu por ai
Fique alerta, bem ativo
Pegue a arma e o projétil
Fiquemos de prontidão
Façamos um mutirão
Para salvar o Brasil


Arnaud Amorim

sábado, 9 de fevereiro de 2008

AS DROGAS SÃO O VENENO CRIADO POR SATANÁS

Há muita gente influente
Que nas drogas vai entrando
Veja que barbaridade
A saúde vão minando
Entram de forma mordaz
Estão ganhando terreno
As drogas são o veneno
Criado por satanás

Muitos jovens classe média
Faz pena o que acontece
Entram na onda mortal
Assim a demanda cresce
Pensam que comem manás
Para entrar basta um aceno
As drogas são o veneno
Criado por satanás

A pior prisão do mundo
Para quem é indefeso
É aceitar um convite
E nas drogas ficar preso
Quão ilha de Alcatraz
Pensa estar em mar sereno
As drogas são o veneno
Criado por satanás

Estava bem enganado
Achava que só persiste
Gente importante nas drogas
Pois pobre também existe
Escondido por detrás
Vi traficante pequeno
As drogas são o veneno
Criado por satanás

Muito bom se as escolas
A mídia utilizassem
Fizessem divulgação
Este assunto espalhassem
Em cada canto um cartaz
Num movimento bem pleno
As drogas são o veneno
Criado por satanás

A situação é grave
Esqueçamos a falácia
As drogas ganham terreno
Ajamos com perspicácia
A ação é contumaz
Nada pode ser ameno
As drogas são o veneno
Criado por satanás

Todo dia a gente escuta
No rádio e televisão
As coisas mais absurdas
Gerando perturbação
O tráfico é muito sagaz
Em todo canto há empeno
As drogas são o veneno
Criado por satanás

Em qualquer festa ou balada
Tenha bastante cuidado
Não beba em copo alheio
Esteja sempre ligado
Sempre há um ladravaz
E se espalha quão fulveno
As drogas são o veneno
Criado por satanás

Ela deturpa a família
Onde há droga há morte
Filhos eliminam pais
Um mal infernal e forte
Cada vez mais eficaz
É quão gás acetileno
As drogas são o veneno
Criado por satanás

Tudo parece bonito
A onda é interessante
No inicio tudo é fácil
Mas depois vira gigante
Abra os seus olhos, rapaz!
Não pense que é sal de eno
As drogas são o veneno
Criado por satanás

Se quer vida bem saudável
Para você e os seus
Afaste-se desta balela
Ouça os conselhos meus
Aprenda como se faz
Gente nunca comeu feno
As drogas são o veneno
Criado por satanás

Se você não usa droga
Sinta-se um felizardo
Porém se já é escravo
Já sofreu forte petardo
Seja forte e tenaz
Numa clínica dê um treno
As drogas são o veneno
Criado por satanás

Eu tenho sessenta anos
Assim não morri com vinte
Droga não molhou meus panos
Não veja nisso um acinte
É meu conselho que jaz
Não quero gesto obsceno
As drogas são o veneno
Criado por satanás


Arnaud Amorim

TA CHEGANDO A ELEIÇÃO E EU NÃO SEI EM QUEM VOTAR

Estou muito chateado
Com tanto roubo e desmando
Cada dia fulminado
Com noticias pipocando
Já não vou me controlar
Vou abrir o meu bocão
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Tantos paises ordeiros
Com crescimento e justiça
São fatos tão verdadeiros
Esta demanda me atiça
Não quero desanimar
Fraquejar meu coração
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Quando eu tinha dez anos
Meu pai sempre me dizia
Esqueçamos desenganos
Haverá uma melhoria.
Não podemos esperar
Hoje sou um ancião
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

É que na nossa política
Há um estigma muito errado
Tenho que fazer a critica
Só vejo de todo lado
Ladrões demais pra roubar
Quero todos na prisão
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Como pode um eleitor
Já todo despreparado
Eu não falo de doutor
Refiro-me ao lascado
Sem condições de optar
Já nasceu um pobretão
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Não podemos nos livrar
É muita maracutaia
Chusma sagaz a roubar
Merecemos uma vaia
Não podemos escapar
Mas será mesmo que não?
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Já cansei de esperar
Mas há dentro do meu peito
Tenho que lhe confessar
Não sei se é um defeito
Acho espetacular
Investir na educação
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Mandatários tão nocivos
As matérias que eles votam
Cada vez mais impulsivos
Por se só elas denotam
Delegados prá estudar
Vou fazer acareação
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Os mares lá de Brasília
Já estão contaminados
Desrespeitam a família
Todos eles ensacados
Sacos demais prá puxar
Só vejo bajulação
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Os cartões corporativos
Já são mais de treze mil
Todos eles bem ativos
Como livrar o Brasil?
Agora querem brecar
É piada de salão
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Meu titulo de eleitor
Não serve mais para nada
Votava com tanto ardor
Só sabem me dar patada
Uma medida vou tomar
Vou jogá-lo lixão
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Podia ser quão balança
Ao jogar mercadoria
Só assim ela avança
Pesa e beneficia
Ladrão demais prá pesar
Vou fazer aferição
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Vamos pegar um navio
Embarcar esta cambada
Com uma navalha em fio
Pegar toda cabroada
Jogar no fundo do mar
Proceder a inundação
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Ou jogá-los num foguete
Todos eles amarrados
Como se fosse um paquete
Os ladrões amontoados
E no espaço soltar
Quero ver a explosão
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Tanta gente no Iraque
Morrendo a cada momento
Por que não soltar um traque
Em cada político nojento
Poderiam respeitar
Igual noite de são João
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Acabemos com os políticos
As leis que eles aprovam
Computador vai votar
Assim eles já desovam
É saber configurar
Tudo com computação
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Se o político roubar
Manda descobrir o teto
Deixa a luz do sol entrar
Pensemos neste decreto
Lula vai sancionar
A lei da insolação
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Nós somos tolos demais
Desprezamos os políticos
Isso não se faz jamais
Precisamos ser mais críticos
Vamos todos conclamar
Para a fiscalização
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Estou bastante indeciso
Não entendo de partido
Aprender mais eu preciso
Por tudo que tenho lido
Há muito a aprimorar
Basta de indecisão
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Tem que haver uma forma
Para o roubo coibir
Precisamos de uma norma
Vamos pensar logo aqui
Não dá tempo de esperar
Esta normalização
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Podemos clamar a Deus
Prá consertar os políticos
Corrigir os erros seus
Excluir os seus futricos
Somente em Deus confiar
Ele pode pôr a mão
Ta chegando a eleição
E eu não sei em quem votar

Arnaud Amorim

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

IGUAL A ELE EU NUNCA VI - PARTE I

Senhor criador eterno
Nosso Deus onipotente
Derrama luz sobre mim
Ilumine a minha mente
Para poder versejar
Uma história comovente

Eu vou relatar em verso
A história de um homem sério
Oriundo do sertão
Cabra macho e de critério
Nascido em trinta e dois
É Francisco Desidério

É excelente pessoa
Cujo nome foi mudado
De maneira carinhosa
Deusdério foi colocado
Com Deus constando no nome
Prá ficar abençoado

De fato é engrandecida
Esta pessoa excelente
Amigo de todo mundo
De uma família decente
Abençoado por Deus
Criador onipotente

Nasceu na fazenda Tanques
No interior do sertão
Ajudava na fazenda
Como se fosse um irmão
Se aproximou de Caiçara
Homem bom da região

Chico sempre foi magrinho
Porém era muito esperto
Andava bem ligeirinho
Longe prá ele era perto
Ao receber qualquer ordem
Logo dizia: - Ta certo

Caiçara já conhecia
O seu jeito diferente
E pensou consigo mesmo
Este jovem é valente
Tem uma grande qualidade
Fala a verdade e não mente

Caiçara estava pensando
Numa pessoa prá ajudar
Seu sogro Chico Amorim
E com ele ir morar
Ajudando na fazenda
Para plantar e limpar

Lembrou de convidar Chico
Prá ir morar na Torada
Fazer as lutas de casa
Lá passar uma temporada
Ele disse: vou na hora
Comigo não tem maçada

Viajaram a cavalo
Levando sua malota
Caiçara ia na frente
Chico contando lorota
Só pra viagem alegrar
Eles contavam anedota

Chico sempre foi ativo
Só andava na carreira
Fazia muitos mandados
E limpava a capoeira
Tirava lenha no mato
E domingo ia prá feira

Lá na feira do mercado
Procurava algum brinquedo
Prás meninas da fazenda
Queria qualquer folguedo
Deolina e Lucineide
Esperavam desde cedo

Como não tinha boneca
Na feira para vender
Ele comprava caixinhas
De papelão prá fazer
Casinhas para as meninas
Seus sonhos arrefecer

Seu Francisco Amorim
Gostou muito do menino
Indagou depois a ele
Prá não fazer desatino
Se ele topava ficar
Ali mudar de destino

- Eu já disse a Caiçara
Que aqui quero ficar
Portanto avise a meus pais
Com o senhor vou morar
Por isso trouxe a bagagem
Um tempo aqui vou passar

Vamos fixar bem os nomes
Prá não fazer confusão
Chico é o personagem
Francisco é o patrão
Agora tudo explicado
Continua a narração

Logo na manhã seguinte
Tirou leite no curral
Tangeu o gado ao cercado
Alegria era total
Aboiava e cantava
Era um jovem bem legal

Precisou ir cortar lenha
Na mata bruta e fechada
Seu Francisco perguntou
Se ele topava a parada
A moagem estava perto
Não tinha lenha cortada

Ele topou de verdade
Amolou logo o machado
Encheu uma cuia d’água
Se embrenhou no cercado
Meteu o machado no mato
E foi pau prá todo lado

Seu Francisco alegrou-se
Com a sua produção
Era lenha à vontade
Tão grande era o montão
Chico ganhou bom dinheiro
Boa gratificação

Cambitou toda esta lenha
No espinhaço de capricho
Ele e o seu jumentinho
Trabalharam como bicho
Mas deu conta do recado
Mesmo ferindo o rabicho

Na época da moagem
Fazia a luta de três
De madrugada corria
A ninguém dava a vez
Cambitava toda a cana
Agia com altivez

Começava a meia noite
Era esperto em demasia
Arreiava os jumentos
Começava a correria
Ninguém nunca o venceu
Lá naquela freguesia

Nas altas horas da noite
Quando a bruma escurecia
Só se escutava Chico
Que cantava e corria
A passarada dormindo
E a cana ele trazia

Era pau prá toda obra
Tudo sabia fazer
Ia para a cantoria
Mas fazia o seu dever
Ali naquela fazenda
E bonito de se ver

Carregava toda água
Trabalhava no galão
Se tivesse arroz com casca
Arrochava no pilão
Depois ia pro cercado
Apanhar o algodão

Se faltasse qualquer coisa
Na fazenda a qualquer hora
Ele então logo dizia:
- Vou comprar tudo agora!
Ia a rua correndo
No escuro ou na aurora

Lá no cercado ninguém
Trabalhava em sua frente
Ele era o primeiro
Fazia tudo urgente
Proceder de forma igual
Nunca apareceu vivente

Seu Francisco convocava
De homens um adjunto
Ele ia com a negrada
Ali sempre de pé junto
Prá limpar mais do que ele
Só o fazendo defunto

IGUAL A ELE EU NUNCA VI - PARTE II

Se andando nas fruteiras
Achasse uma fruta bonita
Madura e bem cheirosa
Fazia logo sua fita
Levava prá dona Amélia
Sua patroa bendita

O fogão lá da fazenda
Era de lenha a chama
Necessitava gravetos
Para acender quando inflama
Todo tarde ele trazia
Gravetos prá sua ama

Numa manhã Lucineide
Queimou-se com leite quente
Precisou comprar remédio
Chico já correu na frente
Não perdeu nenhum segundo
Foi desesperadamente

Chegando lá na farmácia
O remédio não havia
Não voltou, tocou prá frente
Jamais ele voltaria
Sem resolver o problema
Foi a outra freguesia

De madrugada escutaram
De repente um barulho
Era ele na carreira
Chegou trazendo um embrulho
Comprou distante o remédio
Entregou com muito orgulho

Lucineide nunca esqueceu
Este feito importante
Restaurando sua saúde
Num momento cruciante
Diz que nunca recebeu
Gesto de amor semelhante

Trabalhava o dia todo
O suor chega escorria
Chegava em casa a tarde
Para a cidade ainda ia
Seu costume predileto
Era escutar cantoria

Se viesse cantador
De qualquer parte do mundo
Ele não perdia nada
Gostava do verso fecundo
Sentava logo na frente
Seu prazer era profundo

Lá na fazenda havia
Um jumento bem sabido
O seu nome era capricho
Era grande o alarido
Se outra pessoa montasse
Pulava muito o bandido

Ele conhecia Chico
Se gritasse ele atendia
Bastava mostrar o cabresto
Prá perto o bicho corria
Mas se fosse outra pessoa
Capricho já se escondia

Um dia fizeram aposta
Prá ver quem se segurava
Montado no animal
E ver quem agüentava
Quem não caísse do asno
A aposta abiscoitava

Chico montou em capricho
Que não levantou do chão
Um desceu outro subiu
Gritou jumento babão
Começou o pula-pula
Só parou com o outro no chão

Dava pulos e rinchava
Foi grande a presepada
Quis agarrar no pescoço
Capricho deu-lhe uma dentada
O cabra caiu distante
Perdeu a aposta tratada

É que Chico era bom
Amigo dos animais
Dava banho e comida
Não maltratava jamais
Os animais conheciam
Gostavam cada vez mais

Na fazenda havia um burro
Era valente e velhaco
Já mordia todo mundo
Deixava até um buraco
Mas quando Chico ele via
Vinha cheirar-lhe o sovaco

Em suas viagens a noite
Para uma cantoria
Arranjou uma namorada
O seu nome é Maria
Ele gostou muito dela
De amor seu peito enchia

Tudo dele era ligeiro
Noivou marcou o casamento
Amava muito Maria
Não havia impedimento
Seu Francisco deu-lhe apoio
Ali naquele momento

Deu a ele uma casa
Não lhe deixou faltar nada
Aumentou o seu salário
Tinha atenção redobrada
Chico e Maria se amaram
Ali na casa caiada

Assim se passaram anos
Naquela vidinha boa
De dia muito trabalho
A noite muita garoa
Ao verificar o tempo
Vê-se que ele se escoa

Maria lhe deu seis filhos
Anselmo, Selma, Anibal
Todos eles bem criados
Fatinha, Jonas, Aderbal
Uma trinca de meninos
Educados com moral

No ano sessenta e oito
Sendo do século passado
O seu patrão se mudou
Prá cidade aposentado
Muitos anos de trabalho
Só na lembrança guardados

IGUAL A ELE EU NUNCA VI - FINAL

Chico ainda era novo
Foi morar com outros patrões
Com os Gomes e Abel
Cada um com seus senões
Tempo bom ficou guardado
Dentro de seus corações

Quatro anos se passaram
Nada de bom ele via
A situação difícil
Entretanto ele sabia
Que um filho de Francisco
Tinha uma padaria

Só que era em outras terras
Pras bandas de Mossoró
Resolveu ir visitar
Acabar com o codó
Pegou o trem e partiu
Desta vez ele foi só

Deixou os filhos pequenos
Lá no sertão esperando
Ia falar com Arnaud
Nos planos ia pensando
O trem chorava correndo
Ele chorava sonhando

Ao chegar lá em Arnaud
Foi grande a alegria
Relembraram os bons tempos
Que na fazenda vivia
Acertaram um novo plano
Trabalhar na padaria

Cico trouxe a família
Prá esta grande cidade
Construíram uma casa
Foi grande a felicidade
Num terreno de Arnaud
Veja que facilidade

Quando há boa vontade
Amor, consideração
Fizeram casa de taipa
Formaram um mutirão
Com madeira, barro e telha
Houve a inauguração

Chico fazia a entrega
De bolacha e biscoito
Saia na bicicleta
Animado muito afoito
Aumentou a produção
Em sacos mais de dezoito

Já levava dois balaios
Um atrás outro na frente
E não escolhia horário
Meio dia no sol quente
Vendia muita bolacha
Animava toda gente

Os seus filhos aprenderam
Bem depressa a fazer pão
Aníbal era padeiro
Aderbal outra função
Jonas era ajudante
Selma ajudou no balcão

Ele sempre foi correto
Não queria nada errado
Arnaud viajou a praia
Passar lá um feriado
Fizeram raiva a Chico
Que ficou aperreado

Ele saiu escondido
Rumo à praia de Tibau
Carros passvam por ele
Olhava com o olho mau
Andou mais de sete léguas
A pé sem dar um sinal

Tudo porque tinha algo
Para com Arnaud falar
Não permitia ninguém
Que viesse atrapalhar
Andou todo o dia a pé
Até a noite chegar

Os carros buzinavam
E paravam a seu lado
Ele entrava no mato
Caminhava apressado
Ao chegar ao fim da linha
Estava todo rasgado

Ele sempre foi assim
Grande personalidade
Outro dia os fiscais
Aconteceu na cidade
Quiseram lhe humilhar
Mudar a sua verdade

Ele enfrentou os fiscais
Com bastante valentia
Não entregou a farinha
Se portou com maestria
Os fiscais nunca esqueceram
O feito daquele dia

Ele comprou um terreno
Na vila serra do mel
Levou a sua Maria
Foi morar perto do céu
Trabalhou com muito afinco
Merecia um troféu

Foi o lote de mais zelo
E também o mais cuidado
Os cajueiros mais verdes
Tudo limpo e cercado
Ainda hoje comentam
Está tudo registrado

Porém não é no papel
E sim em muitas memórias
Que registram nos anais
A mais intrigante história
De um homem muito humilde
Que merece toda glória

Seu lote assim permitia
Muitos cajus apanhar
Os melhores e mais doces
Que já se viu no lugar
E da serra ele vinha
A muitos presentear

Ele sofreu duro golpe
Perdeu dois filhos amados
Aníbal e Aderbal
Pela mão de Deus tirados
Deixando só a saudade
Nos corações destroçados

Chico ainda está vivo
Morando em Aracati
Pode crer tudo é verdade
O que foi contado aqui
Vai fazer oitenta anos
Em junho que vem aí

Estamos em fevereiro
Dois mil e oito é o ano
Vamos nos fixar no tempo
Que escorrega como um pano
Não espera por ninguém
Na tela do desengano

Hoje quem lhe dar apoio
É o seu filho caçula
Gosta tanto de seu pai
Que o ama, beija e adula
Jonas para vê-lo vai
Sempre dá uma escapula

Para efeito de registro
Vou lhe confessar assim
Foram trinta e oito anos
Que morou com os Amorim
Tempo de muita alegria
Porém tudo tem um fim

Deixo para o personagem
Um preito de gratidão
Por tudo que ele fez
Por nós com dedicação
O Arnaud falado sou eu
Sou grato de coração

Minha esposa sempre chama
Prá irmos a Aracati
Visitar Chico Deusdério
Matar a saudade ali
Relembrar todos os versos
Que eu versejei aqui

Tenho idade avançada
Já vi muitos homens sérios
Vi até na caminhada
Tocadores de saltério
Porém nunca vi igual
Homem de honra e moral
Como Chico Desidério


Arnaud Amorim

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

IRLANDA

Pinto teu quadro, és destemida e forte
Valente igual a índia mais guerreira
Esposa amável, mãe doce companheira
Quão rainha valorosa em sua corte

Deus te quis provar sobremaneira
Permitindo-te dor e sofrimento
Amargura, aflição e desalento
Enfermidade, a mais íngreme ladeira

Contudo, elevaste os olhos para a luz
Clamaste com fé diante de Jesus
Que te amou naquela negra demanda

Restaurou tua sorte deu vitória
O propósito do pai era de glória
És vencedora, grande mulher Irlanda

Arnaud Amorim

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

PROVA DE AMOR

Temos todos o estigma do pecado
Há uma inclinação má dentro de nós
Há bênção e maldição em nossa voz
Querendo o certo, fazemos o errado

Só merecemos a perdição do inferno
Mas Deus nos ama muito e enviou
Seu próprio filho que por nós pagou
Nossa culpa na cruz de modo terno

Ele foi moído por nossas transgressões
Foi humilhado com socos e empurrões
Sofreu na cruz seis horas de terror

Transporta-nos das trevas para a luz
Nosso melhor amigo é Jesus
Morreu por nós na maior prova de amor


Arnaud Amorim

GARIMPO

Liberto o pensamento sem pretexto
Solto-o na amplidão da minha vida
Quero encontrar uma pedra na jazida
No garimpo dos versos do meu texto

Há topázios no meu rio mais distante
Busco pérolas no mar da minha aurora
No topo do monte ainda aflora
Na mente guardo oculto um diamante

No jogo da peneira que despejo
O olhar fixo na pedra do desejo
Encoberta no cume do olimpo

Vou garimpando montes e afluentes
Quero pedras e versos das vertentes
Junto rimas na bateia do garimpo

Arnaud Amorim

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

OS DOIS LADRÕES

Entre dois ladrões Jesus foi crucificado
- Não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo
E a nós também deste mísero esmo
Dizia um deles, igualmente condenado

- Não temes a Deus? estamos em igual juízo
Nós dois merecemos punição pelos delitos
E este justo? nada fez, paga quão maldito
E findou: - Lembra-te de mim no paraíso!

Jesus, como Deus onisciente, conhecia
O coração do homem que o inquiria
E respondeu com voz sonora e terna:

- Hoje mesmo no meu reino estarás comigo
Quão bom ladrão, creiamos em Jesus amigo
Para igualmente ganharmos a vida eterna

Arnaud Amorim

BARRO QUE SOBROU

Quão véu que desce sobre o ser humano
Encobrindo-o com total cegueira
O único foco que vê na vida inteira
São seus feitos e se julga soberano

Em seu pedestal de poder e arrogância
Considera-se igual a deuses poderosos
Constrói para si castelos valorosos
E aspira viver sempre em abundância

Despreza esta condição imponderável
Prestes a se romper, mui vulnerável
Como frágil cântaro que quebrou

Embora se ache bem maior que os céus
E confie tão somente nos poderes seus
Não é nada, é pó, é o barro que sobrou

Arnaud Amorim

MADALENA

Passeia pelas ruas muito serena
Entre calçadas esquinas e bordéis
Procura o amor livre dos motéis
É a mulher pecadora Madalena

Carrega em seminus abismos
Sofreguidão nas praças e sarjetas
Trama em noites escuras muitas tretas
N’alma sente o frio dos cataclismos

Tem no corpo as garras do pecado
Vive amores clandestinos, tudo errado
Mas seu coração, sendo escuro, anseia luz

Basta então do mestre um simples toque
Volta atrás, chora, muda e num enfoque
Corre salva para os braços de Jesus


Arnaud Amorim

ABORTO

Mesmo sendo conflitante
Eu estou nele absorto
De forma bem elegante
Trovejemos sobre o aborto

Trovejemos sobre o aborto
Usemos nossa guarida
Por que querer um feto morto
Se somos a favor da vida?

Se houve concepção
Uma vida iniciou
Ninguém pode matar não
Foi Deus quem autorizou

Quem mata um feto inocente
Comete o maior estrondo
Está agindo cruelmente
Pratica crime hediondo

Autorizar o aborto
É patrocinar a morte
É tornar um feto morto
Tirando-lhe sua sorte

Células se multiplicando
No milagre do amor
De repente alguém matando
Transformando vida em dor

Aborto é vida partida
Quase sempre a mãe consente
Quem é o autor da vida?
Responda conscientemente

Você mataria um filho
Sabendo que vai amá-lo?
Portanto seja empecilho
Não deixe ninguém matá-lo!

Quem defende o aborto
Nunca foi mãe e nem pai
Precisa ter um lado morto
Prá aprender a dizer ai

Prá que matar no inicio
um feto tão singular
Já pensou neste suplicio
Morrer sem poder falar?

Considero algo horrível
Difícil de explicar
Alguém atinar possível
A vida de um ser tirar

(Arnaud Amorim)

TRAIÇÃO

Nada há mais infame que a traição
Em qualquer terreno da existência
Criam-se laços, afetos com decência
Investem-se amor e dedicação

Plantados em toda uma comunidade
Em muitos anos com pleno atendimento
Oportunizando grande reconhecimento
Dos cidadãos da municipalidade

Num embate único a prefeito
O conclave tinha tudo prá ser perfeito
Com benesses a toda população

A injustiça se perpetra num só dia
Negam-lhe uma simples maioria
Apunhalam-no por trás em vil traição

Arnaud Amorim

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

AS DUAS FACES DO CARNAVAL

O carnaval tem duas faces bem distintas
Numa, mostra as lindas cores da avenida
Num quadro surreal em que a própria vida
Está pintada em todos os tons e tintas

O outro lado é triste e bem diferente
Retrata telas absurdas e ridículas
Pinçadas do global em várias partículas
Expressando o mal que reina em tanta gente

Vi safanões e murros no trio elétrico
Disputas desiguais e pasmo, tétrico
Camufladas, mas patentes e bem reais

Quão bom se tivesse apenas uma face
E nela contida somente nos mostrasse
As alegrias de todos os carnavais

Arnaud Amorim


MARCAS DO TEMPO

Vejo as marcas do tempo e suas garras
Implacáveis no meu rosto impressas
Nublam-me o olhar e nelas imersas
Tristezas afundam suas amarras

Da face entram n’alma os dissabores
Por que assim tão rápido, tão atroz?
Protesta meu silencio em alta voz
Tristezas pintam de negro minhas flores

- Oh! Deus por que fazes isso comigo?
Tu és Deus de amor, não de castigo!
Devolva todas as minhas alegrias

Tira as garras marcadas no desgosto
Formoseia com riso o meu rosto
Como fizestes nos primeiros dias

Arnaud Amorim

domingo, 3 de fevereiro de 2008

AMOR ABSURDO

Amor absurdo e inconseqüente
Mesclado de cérebro e emoção
Um é carnal deseja, outro razão
E militam continuadamente

Irresponsável amor, abrasamento
Transgride leis, regras, faz loucuras
Morada das eternas amarguras
Coletânea de gozo e sofrimento

Prazer e pranto amantes entrecortados
Fascina, subleva, mas dilacerados
A espada dura a dividir porções

- Se o amor é Deus, na carne reside?
- Sim. Sem zanga, ira, sem nenhum revide
Perfeita paz dentro dos corações

Arnaud Amorim

ALEGRIA DO CARNAVAL

Por mais que acelere a bateria
Pode fazer repique o tamborim
Projetores acendam sobre mim
Mesmo que ouça a linda melodia

Ou estando na avenida minh’escola
Cantando um bonito samba enredo
Ainda assim estou triste, sinto medo
Aflição grudou em minh’alma, me assola

Carnaval não é a festa da alegria?
Beber, cantar, extravasar a nostalgia?
O que fazer com os anseios meus?

Procurei alegria na avenida
Mas a quero pura, só há fingida ?
Alegria pura só há em Deus !


Arnaud Amorim

AMOR DE MULHER NOVA

Mulher nova é uma fonte
De eterna juventude
Que joga água no monte
Sem olhar a altitude

Ela tem muita energia
É grande o potencial
Derrota a infantaria
Pode em muitos dar quinau

É bastante resistente
Como o tronco do angico
Não vá com ela, nem tente
Não queira pedir penico

Outrossim pode ser frágil
Como o botão de uma flor
É doce, amena e ágil
Repleta de forte fragor

Pode ser como um fogão
Que esquenta lentamente
Depois que tá bem quentão
Queima a mão de muita gente

Na cama é um vulcão
É um perigo iminente
Queima até um batalhão
Com a sua lava quente

Ela grita muito e chora
No momento do amor
Instrui o homem nesta hora
A gemer sem sentir dor

Velho também geme e chora
Faz isso a noite inteira
Chama a mulher e implora
Remédio pra caganeira

Eu vi um velho gemendo
Agarrado com a mulher
Mas não era amor fazendo
Tirava um espinho em seu pé

Tem homem que ainda atesta
Dar conta de mulher nova
Está furando a testa
E cavando uma cova

Este buraco na testa
Além do que é pensado
Também ainda se presta
Para um chapéu furado

Mas não venha perguntar
Para que é este furo
Porque não quero brigar
Sou um homem muito puro

Pode ser para uma fita
Ou algo assim enfeitado
Pra chamar mulher bonita
A sentar-se em seu lado

Mas diz o popular dito
Coco maduro dar leite
Portanto não fique aflito
Já leu tudo, se deleite

Tudo aqui é brincadeira
Não vá se zangar comigo
Não leve em conta a zoeira
Pois quero ser eu amigo

Mas que mulher nova é forte
Ninguém nega a fortaleza
Todos sabem do seu porte
Da sua grande firmeza

Digo prá finalizar
Fecho com chave de ouro
Se ela com velho casar
É pensando em seu tesouro

Teria outra razão
Para ter tão triste sina
Acender o seu fogão
Soprando uma lamparina?

Ora que situação
Isso não está com nada
Bastante aceso o fogão
E a lamparina apagada


Arnaud Amorim