sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

IGUAL A ELE EU NUNCA VI - PARTE I

Senhor criador eterno
Nosso Deus onipotente
Derrama luz sobre mim
Ilumine a minha mente
Para poder versejar
Uma história comovente

Eu vou relatar em verso
A história de um homem sério
Oriundo do sertão
Cabra macho e de critério
Nascido em trinta e dois
É Francisco Desidério

É excelente pessoa
Cujo nome foi mudado
De maneira carinhosa
Deusdério foi colocado
Com Deus constando no nome
Prá ficar abençoado

De fato é engrandecida
Esta pessoa excelente
Amigo de todo mundo
De uma família decente
Abençoado por Deus
Criador onipotente

Nasceu na fazenda Tanques
No interior do sertão
Ajudava na fazenda
Como se fosse um irmão
Se aproximou de Caiçara
Homem bom da região

Chico sempre foi magrinho
Porém era muito esperto
Andava bem ligeirinho
Longe prá ele era perto
Ao receber qualquer ordem
Logo dizia: - Ta certo

Caiçara já conhecia
O seu jeito diferente
E pensou consigo mesmo
Este jovem é valente
Tem uma grande qualidade
Fala a verdade e não mente

Caiçara estava pensando
Numa pessoa prá ajudar
Seu sogro Chico Amorim
E com ele ir morar
Ajudando na fazenda
Para plantar e limpar

Lembrou de convidar Chico
Prá ir morar na Torada
Fazer as lutas de casa
Lá passar uma temporada
Ele disse: vou na hora
Comigo não tem maçada

Viajaram a cavalo
Levando sua malota
Caiçara ia na frente
Chico contando lorota
Só pra viagem alegrar
Eles contavam anedota

Chico sempre foi ativo
Só andava na carreira
Fazia muitos mandados
E limpava a capoeira
Tirava lenha no mato
E domingo ia prá feira

Lá na feira do mercado
Procurava algum brinquedo
Prás meninas da fazenda
Queria qualquer folguedo
Deolina e Lucineide
Esperavam desde cedo

Como não tinha boneca
Na feira para vender
Ele comprava caixinhas
De papelão prá fazer
Casinhas para as meninas
Seus sonhos arrefecer

Seu Francisco Amorim
Gostou muito do menino
Indagou depois a ele
Prá não fazer desatino
Se ele topava ficar
Ali mudar de destino

- Eu já disse a Caiçara
Que aqui quero ficar
Portanto avise a meus pais
Com o senhor vou morar
Por isso trouxe a bagagem
Um tempo aqui vou passar

Vamos fixar bem os nomes
Prá não fazer confusão
Chico é o personagem
Francisco é o patrão
Agora tudo explicado
Continua a narração

Logo na manhã seguinte
Tirou leite no curral
Tangeu o gado ao cercado
Alegria era total
Aboiava e cantava
Era um jovem bem legal

Precisou ir cortar lenha
Na mata bruta e fechada
Seu Francisco perguntou
Se ele topava a parada
A moagem estava perto
Não tinha lenha cortada

Ele topou de verdade
Amolou logo o machado
Encheu uma cuia d’água
Se embrenhou no cercado
Meteu o machado no mato
E foi pau prá todo lado

Seu Francisco alegrou-se
Com a sua produção
Era lenha à vontade
Tão grande era o montão
Chico ganhou bom dinheiro
Boa gratificação

Cambitou toda esta lenha
No espinhaço de capricho
Ele e o seu jumentinho
Trabalharam como bicho
Mas deu conta do recado
Mesmo ferindo o rabicho

Na época da moagem
Fazia a luta de três
De madrugada corria
A ninguém dava a vez
Cambitava toda a cana
Agia com altivez

Começava a meia noite
Era esperto em demasia
Arreiava os jumentos
Começava a correria
Ninguém nunca o venceu
Lá naquela freguesia

Nas altas horas da noite
Quando a bruma escurecia
Só se escutava Chico
Que cantava e corria
A passarada dormindo
E a cana ele trazia

Era pau prá toda obra
Tudo sabia fazer
Ia para a cantoria
Mas fazia o seu dever
Ali naquela fazenda
E bonito de se ver

Carregava toda água
Trabalhava no galão
Se tivesse arroz com casca
Arrochava no pilão
Depois ia pro cercado
Apanhar o algodão

Se faltasse qualquer coisa
Na fazenda a qualquer hora
Ele então logo dizia:
- Vou comprar tudo agora!
Ia a rua correndo
No escuro ou na aurora

Lá no cercado ninguém
Trabalhava em sua frente
Ele era o primeiro
Fazia tudo urgente
Proceder de forma igual
Nunca apareceu vivente

Seu Francisco convocava
De homens um adjunto
Ele ia com a negrada
Ali sempre de pé junto
Prá limpar mais do que ele
Só o fazendo defunto

Nenhum comentário: