terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

FOI ANTONIO CONSELHEIRO SONHADOR DA LIBERDADE

É filho do ceará
Este ser misterioso
Nasceu no século dezenove
Fui muito religioso
Passou por Ipu, cidade
E em Sobral foi caixeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Esteve em campina grande
Trabalhou como escrivão
Estudou muitas letras
Recebeu educação
Viu potencialidade
Latim, português primeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Ficou muito pesaroso
Com a morte de seu pai
Trabalhou no seu comércio
Depois que o velho vai
Não teve capacidade
Para lutar com dinheiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Fechou aquele comércio
Começou perambular
Levando sua mulher
A todo e qualquer lugar
Era quase um esmoleiro
Em qualquer localidade
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Deixou dívidas no comércio
Os cobradores atrás
Estava liso e sujo
Numa vida bem sagaz
Na sua atividade
Ele era estradeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Viu outra decepção
Na vida acontecer
Sua mulher lhe traiu
Sentiu a dor lhe doer
Diante desta maldade
Já quis ser um justiceiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Tinha bastante cultura
Perdeu a esposa querida
Sofreu bastante agrura
E falhou em sua vida
Não teve oportunidade
Achava-se agoureiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Passou a andar sozinho
Por cidades e fazendas
Por onde ele chegava
A alguém pedia tenda
Na imagem de um frade
Virou mesmo forasteiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Por onde ia passando
Ensinava a rezar
O povo ia gostando
E passou a o venerar
Em qualquer ansiedade
Também era benzedeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Muitos o acompanhavam
Consideravam-no santo
E ele naqueles trajes
De batina como manto
Gente de toda idade
O achava milagreiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Como tinha grande sonho
Já escolheu um local
Isto foi lá na Bahia
Construiu um arraial
Sem ter estabilidade
Era bastante matreiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Muitos fiéis do nordeste
A ele já se juntavam
Aumentou a população
E assim se animavam
Com muita sagacidade
Foi crescendo o poleiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Lá chamaram de canudos
Todos os seus seguidores
Ele era inteligente
Determinava feitores
Pois viram facilidade
Ali naquele ribeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Assim pode crescer muito
O arraial de canudos
Faziam casas e igreja
Aquele povo trombudo
Mas tinha autoridade
Treinou povo fuzileiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Os jagunços foram ensinados
A plantar e a caçar
E também foram treinados
A lutar e a matar
Tudo com velocidade
Mesmo sendo povo ordeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Canudos chegou ao ouvido
Do governo do Brasil
Que não gostou da idéia
E a achou muito imbecil
Com bastante atrocidade
Mandou lá um mensageiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Conselheiro nem ouviu
O seu sonho era alto
O governo então mandou
A força de sobressalto
Foi grande a mortandade
Canudos venceu primeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Foram três expedições
Até chegar ao final
Com o coronel Moreira
Ali naquele local
Com grande animalidade
E foi grande o braseiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

De fato foi grande a luta
Com a tropa governista
Foram quinze mil cartuchos
Trazidos para esta pista
Lá não houve piedade
Porém tiro de morteiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Caíram pra não morrer
O escritor escreveu
Era ser livre ou morrer
Canudos não se rendeu
Na maior perversidade
Oh povo bravo e guerreiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Após morrer Conselheiro
Os jagunços fraquejaram
Acabou ali o sonho
Que tantos ali sonharam
Muita singularidade
Neste fato derradeiro
Foi Antonio Conselheiro
Sonhador da liberdade

Arnaud Amorim

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